Minha simpatia e admiração pela flauta doce vem de muito tempo, desde criança. Naquela época eu apenas observava e ficava admirado com o que algo tão simples podia fazer com relação a música. As possibilidades eram imensas e me impressionava. Então passei a gostar demais da flauta doce. Minha tristeza é que apesar dela ser o instrumento musical mais antigo do mundo e de ter vivido períodos de gloria em que até os Reis a tocavam, neste século XXI ela ainda está sendo rodeada de preconceito. Preconceito esse alardeado por quem não sabe tocar e por quem toca mal.
O exemplo mais simples é quando alguém te pergunta se você toca algum instrumento e sua resposta imediata for a flauta doce. Quando isso acontece você apenas ver cabeça virando, olhos fixando o infinito e boca se contorcendo não deixando dúvida que se tratam de sinais claros de desdém.
E para agravar ainda temos os modelos de baixo custo que não passam de brinquedos desafinados e são viralizados e distribuídos em escolas ou igrejas que tenham cursos de iniciação musical. Juntando isso a muitos professores de escola pública que não entendem nada de música e que preencheram as vagas de trabalho através de canudo o resultado é catastrófico. E a soma são alunos desmotivados que nunca vão aprender a tocar bem, assim como seus professores mas saem por aí dizendo com muita seriedade que aprenderam tudo.
E neste pandemônio todo mundo toca mal, daí a flauta doce fica insuportável traumatizando legiões. Mas quando conhecemos o outro lado, de bons professores e instrumentos de qualidade e ouvimos uma flauta doce sendo bem tocada, de fato descobrimos que ela é celestial. Eu nunca me canso de ouvir o Conserto per flautino Alegro molto de Antonio Vivaldi neste instrumento original, é para flauta doce, e é divino.

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