A amante italiana de Napoleão III
Por dois anos a italiana Virginia Oldoini Verasis, condessa di Castiglione (1837–1899), foi a verdadeira imperatriz da França e do coração de Napoleão III. Enviada a Paris com a missão de seduzir o imperador, ela cumpriu rigorosamente o plano traçado pelo conde di Cavour, seu primo e primeiro-ministro de Vittorio Emanuele II, rei da Sardenha, que incluía os territórios do Piemonte e Saboia. Era preciso conquistar o apoio francês para enfrentar a inimiga Áustria e viabilizar o Risorgimento, o movimento que unificou a Itália. Entre 1856 e 1857, Virginia foi amante de Napoleão III e exerceu grande influência sobre ele. Tinha apenas 19 anos quando o conheceu. Recebia o imperador no apartamento da Avenida Montaigne onde morava, geralmente à tarde, duas ou três vezes por semana. Eles passavam horas juntos, discorrendo sobre assuntos pessoais e da Europa, França e, particularmente, Itália. Também falavam das coisas boas da vida, especialmente de bebida e comida. Animavam os encontros com taças de champanhe e refeições ligeiras, à base de patê de foie gras e brioches, queijo brie, consomê de faisão ou sopa de cebola, que a dona da casa aprendeu a preparar.
Alta e loira, com olhos entre o azul e o verde, dependendo da intensidade da luz que batia em seu corpo perfeito, rica, educada, inteligente, poliglota, culta, leitora incansável de romances, versada em teatro, ópera, artes plásticas, culinária e vinhos, orgulhosa e temperamental, ela encantou o imperador, mas não a mulher de Napoleão III, a espanhola Eugenia de Montijo, que chegou a mandar matá-la, atormentada pelo ciúme. Virginia foi, por algum tempo, a mulher mais admirada nos bailes e banquetes, nos quais ainda se destacava pela elegância nos gestos, as joias preciosas, os perfumes e as roupas – orgulhava-se de jamais usar duas vezes o mesmo vestido. Era uma mulher fatal. Enfeitiçava os homens pela beleza e disponibilidade com que se entregava a eles, sobretudo aristocratas e integrantes do mundo financeiro ou da cultura. Virginia nasceu em Florença, onde começou a namorar muito cedo e se casou nova com o marquês de Castiglione, 12 anos mais velho. Ele se uniu à moça avisado de seu comportamento sapeca. A união durou pouco.
Logo a jovem separada do marido passou a circular sozinha na corte de Vittorio Emanuele II, na qual foi considerada "uma das duas mulheres mais bonitas da Europa". A outra era Elizabeth de Wittelsbach, a Sissi, casada com o imperador austro-húngaro Francisco José I. As duas tinham a mesma idade. Sissi conheceu a rival em beleza e se impressionou, chamando-a de "estátua de carne". Mas, enquanto a mulher de Francisco José I dedicou a vida ao marido, Virginia colecionou amantes, entre os quais o banqueiro Rothschild, o rei Vittorio Emanuele II, o embaixador francês Constantino Nigra, o duque de Orleans, os irmãos Doria (trocou um pelo outro) e, segundo alguns, até o primo Cavour, incorrigível mulherengo. Dedicava apreço especial aos jogos do amor e da política. Seu relacionamento com Napoleão III ajudou Cavour, com o apoio da França, a conquistar a Lombardia e anexar a Itália central. Virou musa do Risorgimento e, neste ano, os italianos relembram os 110 anos de sua morte.
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