quinta-feira, 24 de setembro de 2009

VIRGINIA - Bela,rica,poliglota... e fácil

A amante italiana de Napoleão III

virginia



Por dois anos a italiana Virginia Oldoini Verasis, condessa di Castiglione (1837–1899), foi a verdadeira imperatriz da França e do coração de Napoleão III. Enviada a Paris com a missão de seduzir o imperador, ela cumpriu rigorosamente o plano traçado pelo conde di Cavour, seu primo e primeiro-ministro de Vittorio Emanuele II, rei da Sardenha, que incluía os territórios do Piemonte e Saboia. Era preciso conquistar o apoio francês para enfrentar a inimiga Áustria e viabilizar o Risorgimento, o movimento que unificou a Itália. Entre 1856 e 1857, Virginia foi amante de Napoleão III e exerceu grande influência sobre ele. Tinha apenas 19 anos quando o conheceu. Recebia o imperador no apartamento da Avenida Montaigne onde morava, geralmente à tarde, duas ou três vezes por semana. Eles passavam horas juntos, discorrendo sobre assuntos pessoais e da Europa, França e, particularmente, Itália. Também falavam das coisas boas da vida, especialmente de bebida e comida. Animavam os encontros com taças de champanhe e refeições ligeiras, à base de patê de foie gras e brioches, queijo brie, consomê de faisão ou sopa de cebola, que a dona da casa aprendeu a preparar.

Alta e loira, com olhos entre o azul e o verde, dependendo da intensidade da luz que batia em seu corpo perfeito, rica, educada, inteligente, poliglota, culta, leitora incansável de romances, versada em teatro, ópera, artes plásticas, culinária e vinhos, orgulhosa e temperamental, ela encantou o imperador, mas não a mulher de Napoleão III, a espanhola Eugenia de Montijo, que chegou a mandar matá-la, atormentada pelo ciúme. Virginia foi, por algum tempo, a mulher mais admirada nos bailes e banquetes, nos quais ainda se destacava pela elegância nos gestos, as joias preciosas, os perfumes e as roupas – orgulhava-se de jamais usar duas vezes o mesmo vestido. Era uma mulher fatal. Enfeitiçava os homens pela beleza e disponibilidade com que se entregava a eles, sobretudo aristocratas e integrantes do mundo financeiro ou da cultura. Virginia nasceu em Florença, onde começou a namorar muito cedo e se casou nova com o marquês de Castiglione, 12 anos mais velho. Ele se uniu à moça avisado de seu comportamento sapeca. A união durou pouco.

Logo a jovem separada do marido passou a circular sozinha na corte de Vittorio Emanuele II, na qual foi considerada "uma das duas mulheres mais bonitas da Europa". A outra era Elizabeth de Wittelsbach, a Sissi, casada com o imperador austro-húngaro Francisco José I. As duas tinham a mesma idade. Sissi conheceu a rival em beleza e se impressionou, chamando-a de "estátua de carne". Mas, enquanto a mulher de Francisco José I dedicou a vida ao marido, Virginia colecionou amantes, entre os quais o banqueiro Rothschild, o rei Vittorio Emanuele II, o embaixador francês Constantino Nigra, o duque de Orleans, os irmãos Doria (trocou um pelo outro) e, segundo alguns, até o primo Cavour, incorrigível mulherengo. Dedicava apreço especial aos jogos do amor e da política. Seu relacionamento com Napoleão III ajudou Cavour, com o apoio da França, a conquistar a Lombardia e anexar a Itália central. Virou musa do Risorgimento e, neste ano, os italianos relembram os 110 anos de sua morte.

 Dias Lopes do Estadão

sábado, 19 de setembro de 2009

Norton 1, O imperador dos Estados Unidos

150 anos atrás era coroado o primeiro e único Imperador dos Estados Unidos da América, talvez o maior de todos os malucos-beleza. A história é comumente tomada como ficção, por ter sido popularizada em Sandman, de Neil Gaiman, mas é incrivelmente verdadeira.

Norton



Joshua Abraham Norton era um inglês morador dos EUA que foi muito rico, até perder tudo em um investimento mal-planejado, importando arroz do Peru. A batalha judicial com os credores o desestabilizou mentalmente, a ponto de sumir do mapa, levando anos para voltar a São Francisco.

No dia 17 de Setembro de 1859 ele enviou uma proclamação a vários jornais, onde se declarava Norton I, Imperador dos Estados Unidos. Achando que era brincadeira, alguns publicaram.

Outros decretos se seguiram, onde ele dissolvia o Congresso, dava ordens ao exército, etc. Claro, ninguém prestava atenção. Era apenas um sujeito arruinado, quase um sem-teto, vivendo em um quarto de pensão cuja diária custava 50 centavos.

Só que Norton era uma figura extremamente simpática. Ao invés de expulsá-lo os comerciantes o recebiam bem. Com o tempo o Imperador virou figura folclórica. Ele coletava impostos (geralmente 50 centavos) e era convidado a comer nos melhores restaurantes.

Depois disso placas de bronze eram colocadas na porta, dizendo “Indicado por Sua Majestade Norton I, Imperador dos EUA”. Isso aumentava a freguesia, e logo Norton tinha mais convites do que tempo. Peças e Concertos sempre reservavam um camarote para ele.

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Fora os “impostos” a única fonte de renda de Norton eram seus bônus imperiais e papel-moeda. Não só o dinheiro que ele emitia era considerado item de colecionador, como vários estabelecimentos comerciais aceitavam as notas.

Norton inspecionava os bondes, escolas e vias públicas, mantinha correspondência com outros monarcas e dizem até ter se encontrado com Dom Pedro II. Seus decretos iam dos mais loucos a ordens como criar uma Liga das Nações e construir uma ponte na Baía de São Francisco – considerado na época uma idéia doida.

Ele usava um fardão imperial, doado por um general do Presídio de São Francisco, quando ficou rasgado demais, ele ganhou outro, da municipalidade.

No censo de 1870 ele aparece listado como “Imperador”.

Em 1867 Norton foi preso por um policial babaca de nome Armand Barbier, que o tentou levar para um manicômio, para internação involuntária. Uma série de editoriais nos jornais atacou a atitude do filho da puta. Norton foi solto, e Patrick Crowley, Chefe de Policia fez um pedido de desculpas formal para o Imperador, em nome de toda a Força Policial:

“Ele não derramou nenhum sangue, não roubou ninguém, não pilhou país nenhum. Isso é mais do que pode ser dito de outros Imperadores”

Depois disso todos os policiais de São Francisco passaram a saudar o Imperador, quando passavam por ele nas ruas.

Em 8 de Janeiro de 1880 aos 61 anos Norton estava a caminho da Academia de Ciências da Califórnia, onde faria uma palestra, quando teve um ataque e morreu, na rua. Os jornais estamparam manchetes com o falecimento. O San Francisco Chronicle publicou “Le Roi Est Mort”, junto com um lindo e respeitoso obituário.

Todos sabiam que ele era um louco que se achava Imperador, mas um maluco inofensivo e querido, que nunca mostrou ganância, crueldade ou má-intenção. Norton era o pequeno agente provocador, a pequena dose de aleatoriedade que torna a vida menos monótona. E também não era nenhum golpista, como alguns chatos alegavam.

Suas posses se resumiam a uma coleção de chapéus, cinco ou seis Dólares em moedas, US$2,50, uma bengala, uma espada e alguns papéis. Ele ia ser enterrado como indigente, mas a Câmara de Comércio da cidade intercedeu e pagou por um funeral digno. Norton I Imperador dos Estados Unidos foi enterrado com honras de chefe de estado. Seu cortejo foi formado por 30 mil pessoas e teve mais de 3Km de extensão.

tumulo



Sua lápide traz “Norton I Imperador dos Estados Unidos e Protetor do México”

Joshua Norton mostrou que você não precisa nem sequer ser são para fazer do mundo um lugar melhor.

Carlos Cardoso
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